no desaparecimento de três jovens
Israel aplica <br> castigo colectivo
Centena e meia de palestinianos foram presos, incluindo sete membros do parlamento palestiniano, em cinco dias de intervenção sionista na Cisjordânia, desencadeada após o desaparecimento, quinta-feira, 12, de três jovens israelitas (um de 19 e dois de 16 anos), um dos quais com dupla nacionalidade: israelita e norte-americana.
Cerca de dois mil soldados das forças especiais e para-quedistas, e polícias israelitas estão envolvidos nas buscas e interrogatórios casa-a-casa na Cisjordânia, em particular em Hebron, sitiada desde sexta-feira, 13, e onde se situa o colonato judeu ilegal no qual habitam os desaparecidos.
Para além dos detidos, a operação israelita já provocou a morte a um jovem palestiniano de 19 anos durante uma manifestação popular contra a entrada dos militares de Telavive num campo de refugiados próximo da cidade de Ramallah, sede da Autoridade Nacional Palestiniana (ANP). Ahmad Arafat tinha sido libertado de um cárcere israelita há cerca de uma semana e foi baleado com munições de guerra, afirmam os palestinianos.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e outros membros do governo sionista repetem a tese de rapto perpetrado por um comando do Hamas (veiculando a informação de que um dos jovens telefonou à polícia a denunciar o que estava a acontecer), e responsabilizam a ANP pelo alegado sequestro, exigindo-lhes, ainda, que colaborem na busca.
A ANP argumenta que os jovens foram vistos pela última vez em território controlado por tropas israelitas. O porta-voz do novo governo de unidade palestiniano veio, entretanto, denunciar que «o agravamento da ocupação israelita faz parte do castigo coletivo ao povo palestiniano [a pretexto da procura pelos três jovens]».
Tensão crescente
A investida de Israel na Cisjordânia e as ameaças de recrudescimento dos bombardeamentos contra a Faixa de Gaza (o mais recente, a semana passada, provocou a morte a uma criança) ocorrem quando a tensão entre Israel e Palestina atingem novo pico. Muito por força da não aceitação por Israel da formação do governo de unidade palestiniano entre a Fatah e o Hamas, mas também devido à greve de fome que cerca de 200 presos mantêm nos cárceres israelitas contra as condições de detenção a que estão sujeitos, sobretudo a figura de prisão administrativa, que permite que permaneçam encarcerados por tempo indeterminado, sem acusação formal ou conhecimento dos crimes que lhes são imputados.
Em solidariedade para com a luta dos presos, alguns dos quais em privação há mais de sete semanas obrigando à sua hospitalização, têm ocorrido manifestações de familiares, amigos e populares palestinianos, como a ocorrida sexta-feira, 13, na Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém, invariavelmente reprimidas pela polícia de Israel, que feriu oito pessoas e deteve outras 28.